Jornadas Etnobotânicas do Pulo do Lobo 22

Obrigado não basta. Um obrigado não é suficiente para expressar o que sentimos. Agradecemos a todos os que caminharam a nosso lado para que as Jornadas Etnobotânicas do Pulo do Lobo 22 (JEPL22) se realizassem e que lutaram connosco contra todos os contratempos.

Agradecemos à Amendoeira da Serra que nos recebe sempre tão bem. Agradecemos a todos os que colaboraram - habitantes, formadores, músicos, voluntários. Agradecemos a todos por terem feito acontecer, pelos momentos de partilha de conhecimento e convívio.

Partilhamos abaixo alguns dos momentos destas Jornadas.

Atividades, oficinas, caminhadas ...

Uma das primeiras de muitas atividades das Jornadas Etnobotânicas do Pulo do Lobo foi a Caminhada sobre Identificação de Plantas Silvestres Comestíveis. Esta atividade guiada por Leonor Pires, Francisco de Sousa e Jorge Baptista da Associação Montícola, acabou por se transformar em duas caminhadas dada a grande participação.

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Durante as Jornadas realizaram-se atividades de Educação Ambiental abertas ao público, desenvolvidas pela ADPM (Associação de Defesa do Património de Mértola) e pelo ICNF/PNVG (Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas/Parque Natural do Vale do Guadiana).

A Cozinha d’avó esteve também presente a partilhar conhecimento sobre cozinha tradicional do Baixo Alentejo, saudável e sazonal. Para além da participação de alguns visitantes curiosos, esta atividade contou com a presença dos alunos da escola primária e pré-escola de Algôdor, que não se foram embora sem experimentar o belo do Feijão de Azeite confecionado pela Chef Ana Rita Barbosa.

A Universidade Sénior de Mértola, partilhou saberes culinários, realizou a Oficina "do Grão ao Pão", que contou com a preciosa partilha de conhecimento de 4 senhoras e o apoio da Dona Bina da Amendoeira da Serra. A atividade incluiu uma componente prática que resultou numa belíssima e deliciosa fornada de pão.

O segundo dia de Jornadas começou com uma bela caminhada até ao Pulo do Lobo, na companhia de Ivo Rodrigues, que nos falou sobre os segredos e curiosidades das orquídeas silvestres. A falta de chuva não permitiu a observação de orquídeas mas a partilha de conhecimento foi uma constante. Em paralelo. decorria uma desafiante caminhada interpretativa sobre a paisagem e a vegetação característica desta região guiada por Carlos Vila-Viçosa e Mónica Martins. Durante essa manhã, foi também possível conhecer algumas das espécies de plantas aquáticas, que estão presentes nos nossos charcos e linhas de água, com Udo Schwarzer.

As atividades foram diversas e muito bem aceites pela comunidade e pelos visitantes. Contamos com a presença do Sr. José Domingues, cesteiro, com a demonstração e ensino da sua arte. Ao mesmo tempo, não muito distante, Isabel Romba dava uma oficina sobre a utilização de óleos essenciais no dia-a-dia, abordando as suas propriedades e utilizações. Ambas as atividades foram muito participadas e ficou a vontade de repetir em breve! Ao final do dia, depois do sol se pôr, também houve tempo para aprender e conhecer. A Associação Vita Nativa veio até À Amendoeira da Serra realizar uma sessão aberta de monitorização de borboletas noturnas, onde foi possível aprender sobre a diversidade destas espécies, inventariá-las e entender a sua forte ligação com o mundo da botânica. 

O último dia das Jornadas demos "corda às botas" e acompanhámos o Miguel Porto numa caminhada pelo trilho PR9 MTL. Foi uma manhã fascinante com muita partilha de conhecimento sobre a vegetação, comunidades e ecossistemas!

Em territórios de baixa pluviosidade como o nosso, é fundamental saber gerir as terras e as culturas que praticamos. Por isso, juntámo-nos ao João Madeira para conhecer uma das áreas-piloto e respectivos projetos - LIFE Live-Adapt - que estuda as melhores formas de gerir as pastagens e melhoramento de solo juntamente com a gestão de gado.

Para além destas duas saídas de campo, aconteceu ainda a Oficina Herbário Desenhado com Daniel Cardeira e Adriana Gil, esta atividade experimental aproximou arte e natureza, um êxito sem dúvida a repetir. Neste dia houve ainda lugar para a atividade Repair Café, com o tema do "Lixo Nascem Flores", organizada pela Associação Via Criativa.

Comunicações

O primeiro Painel de Palestras das Jornadas Etnobotânicas do Pulo do Lobo contou com a presença de Luís Mendonça de Carvalho (IPBEJA), Pedro Nogueira (Associação Terra Sintrópica), Leonor Pires e Francisco de Sousa (Associação Montícola), abordando as temática da etnobotânica, da comunidade e da ciência-cidadã.

O segundo dia contou com dois painéis de palestras, um pela manhã e outro durante a tarde. O dia foi rico em partilha de conhecimentos, contou com a presença de um conjunto de especialistas que muito nos orgulha ter ambicionado reunir. Ouvimos falar de ciência-cidadã e do trabalho que a Associação Verde desenvolve pelo João Soutinho e aprendemos sobre melhoramento de plantas com Micha Groen (Sementes Vivas).

Aprofundamos conhecimentos sobre a flora do vale do Guadiana, com Miguel Porto (Cibio / SPBotânica), sobre flora aquática do Baixo Alentejo, com Udo Schwazer, e sobre as orquídeas silvestres desta região, com Ivo Rodrigues. Ouvimos também o Carlos Vila-Viçosa (Cibio) falar sobre os Carvalhos de Portugal, e ainda houve espaço para conhecer o Projeto Life Ribermine pela vez de Mónica Martins (CCV Lousal).

Uma forte componente cultural

Os contos "De boca em boca" estiveram presentes nas Jornadas Etnobotânicas do Pulo do Lobo, com estórias de Rita Sales e Pedro Bravo, acompanhadas pela viola campaniça de Paulo Colaço.

Todos os dias das Jornadas Etnobotânicas foram marcados por uma forte componente cultural e de animação. Contámos com a presença de vários músicos e com sessões de cinema. Paulo Colaço, Al-mendroín, Grupo Extravagante, Grupo Coral Guadiana de Mértola, e claro o Grupo dos Amigos da Amendoeira da Serra, animaram as ruas da Amendoeira da Serra durante as Jornadas. Tivemos, ainda, a oportunidade de assistir ao filme "Terra" e à curta-metragem "Cordão Verde" de Hiroatsu Suzuki e Rossana Torres. A sala esteve sempre cheia! Houve também lugar para um Mercado de de rua tradicional onde produtores locais e instituições divulgaram o seu trabalho.

Tempo para relaxar ...

No meio de tantas atividades e momentos culturais, sim, também houve tempo para relaxar. Bárbara Pais presenteou-nos com uma sessão de Yoga na Natureza, na qual os participantes tiveram a oportunidade de relaxar e alongar com a paisagem alentejana como envolvente.

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Momentos especiais ...

     Foram vários os momentos de partilha e convívio durante as JEPL'22, de entre todos elegemos dois. Estes dois momentos protagonizados por pessoas da comunidade, da Amendoeira da Serra, enchem-nos de força e vontade de repetir este evento o mais brevemente possível. Agradecemos ao Celso Candeias pelo momento único que proporcionou, com a debulhada de poemas de Fernando Pessoa e seus Heterónimos; e à nossa querida Dona Bina, que escreveu e partilhou em palco umas bonitas linhas que redigiu durante o evento, descrevendo o que viu e sentiu.

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mais um ano se passou

nossa vontade era grande

mas por causa do Covid

não se foi comemorand(e)

Jornadas Etnobotânicas

Pulo do Lobo é fácil dizer

dá tudo muito trabalho

tem que se ter vontade para fazer

pequena é a terra

mas grandes pessoas cá estão

o Jorge e Ana força fizeram

para que se juntem a eles sem exceção

algumas pessoas se juntaram

para que tudo corresse bem

a Câmara, a Junta de Freguesia

e a ADPM também

a todos agradeço de coração

por virem à Amendoeira

para irem ao Pulo do Lobo

passam por aqui de qualquer maneira

mas não se esqueçam

as barracas visitarem

para levarem qualquer coisa

para de nós se lembrarem

por Severina Henriques, habitante da Amendoeira da Serra, 26/03/2022, Jornadas Etnobotânicas do Pulo do Lobo