MAIO | 2022





"Maio maduro Maio, quem te pintou
Quem te quebrou o encanto, nunca te amou
Raiava o sol já no Sul,
E uma falua vinha lá de Istambul"

Maio levou as cores vivas dos campos primaveris, de volta para os tons sépia do período estival. O sol, já raia forte no céu, com o crescendo dos dias, cada vez maiores que as noites.

Foi um mês que começou com pressa, na horta e nas atividades de campo, antevendo o calor que está para chegar e as horas de luz passadas em refúgio à sombra e ao fresco. E com pressa e antecipação para a "falua" Islâmica que desembarcou Festival em Mértola, ao fim de três longos anos de espera.








O mês começou com a instalação dos talhões de ensaio de produção e de adaptação às alterações climáticas preparados ainda em Abril. No total foram plantadas sete variedades de tomate, quatro variedades de beringela e três variedades de melão. À parte dos ensaios, também se encheu a horta com melancias, pepinos, courgettes, abóboras e pimentos, entre outros tomateiros e beringelas de sementes cultivadas na horta no ano anterior.

Foi também o mês de dar por concluída a primeira fase dos ensaios de ervilhas e favas, com a recolha das vagens maduras secas, para posterior propagação das plantas que demonstraram maior potencial produtivo e de adaptação à secura.




Em Maio deu-se continuidade às "Caminhadas com Conversa" com duas participações nas localidades de São Pedro de Sólis e em Vargens, ambas integradas na união de freguesias de São Miguel do Pinheiro, São Pedro de Sólis e São Sebastião dos Carros. Partilharam-se histórias e conhecimentos mútuos sobre as plantas, como os seus usos tradicionais ou nomes comuns, que nos enriqueceram ainda mais na "pintura" das gentes e do território de Mértola.

Ao mesmo tempo que decorriam as caminhadas, a outra metade da equipa viajou até Olhão, para colaborar na 3ª Edição do BIOBLITZ na Ria Formosa. Em atividades com diversas escolas, transmitiu-se conhecimentos e ajudou-se na identificação da fauna e da flora existentes, com foco para os indícios de mamíferos e para flora invasora.




A cultura islâmica voltou a ser celebrada em Mértola, com a edição deste ano do Festival Islâmico. Para a equipa da Montícola, foi altura de receber associados de todos os cantos do país, para nos ajudar na dinamização do Espaço Vila Velha, cuja presença é sempre bem-vinda! Foram dias de muito trabalho, mas também de comida deliciosa, música e animação.







Já na reta final do mês, participámos na Semana sobre Espécies Invasoras 2022: Portugal & España, SEI 2022” uma iniciativa organizada pela Rede Portuguesa de Estudo e Gestão de Espécies Invasoras, pela Plataforma INVASORAS.PT e os projetos LIFE STOP Cortaderia e LIFE INVASAQUA, à qual a Associação Montícola se associa.


Durante a semana desenvolvemos conteúdos de educação e sensibilização sobre a temática e organizámos atividades com escolas e a população local, com uma Caminhada Interpretativa e uma Acção de Controlo de Espécies Invasoras. Durante toda a semana promovemos e colaborámos, também, num BIOBLITZ específico sobre espécies invasoras, na qual se identificou e mapeou a presença de, pelo menos, 14 espécies diferentes.




Durante o mês de maio completamos o primeiro mês de monitorização de fauna na Horta da Badocha com recurso a "photo-trapping" (armadilhas fotográficas). Foi possível registar a presença de melro-preto (Turdus merula), alvéola-cinzenta (Motacilla cinerea), pardal-doméstico (Passer domesticus), rola-turca (Streptopelia decaocto), pega-azul (Cyanopica cyanus) e gato doméstico (Felis silvestris catus).


 
O gato doméstico foi efetivamente a espécie com mais registos nas nossas câmaras. Apesar de adorarmos gatos, a sua presença na horta ou nas ruas, não é bem-vinda. Estes são um dos maiores problemas e desafios da conservação. Predadores exímios e descontrolados, são capazes de aniquilar vários outros animais essenciais ao equilíbrio da horta e dos ecossistemas, como lagartixas, passeriformes e anfíbios. Para além disso, são portadores de doenças que põem em causa a conservação dos nossos felinos selvagens - o lince-ibérico (Lynx pardinus) e gato-bravo (Felis silvestris) - assim como são vetores de doenças para humanos e os seus animais domésticos.

Estamos a criar um ecossistema equilibrado, repleto de espécies de fauna auxiliar, que fica ameaçada com a presença destes felinos assilvestrados. Por isso, estamos em contacto com o canil de Mértola, vamos proceder à captura e esterilização destes felinos e esperamos que possam ser adotados, para que não continuem nas ruas de Mértola. Todos temos uma papel importante na conservação da Biodiversidade, esterilizem os vossos gatos, mantenham-nos em casa e apoiem campanhas de recolha e esterilização de gatos vadios.


















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