SETEMBRO | 2022

 

Setembro foi nosso amigo. As temperaturas altas deram tréguas e, só por isso, o trabalho na horta, apesar de ser constante, tornou-se mais leve e a atmosfera mais fresca e respirável. As nossas plantinhas deram graças e cresceram a olhos vistos.

Os girassóis começaram a florir, trazendo novas cores para a Horta da Badocha e a produção de pepino, beringela e pimento foi impressionante. Nem tivemos mãos a medir!

Como já é costume, estes frescos abastecem o Espaço Vila Velha (Restaurante e Venda), mas neste mês pudemos levar alguns destes produtos para a Feira da Terra, em Beja.

A Feira da Terra é uma feira de produtores da região e acolhe uma variada tipologia de produtos. Foi uma excelente oportunidade para darmos a conhecer a Associação Montícola à comunidade de Beja e de conhecer outros produtores que adoram o que fazem.

Além dos frescos, levámos alguns produtos de cosmética natural que perfumaram o ambiente em torno do nosso expositor, atraindo muitos curiosos e interessados! Pela primeira vez, vendemos as plantas aromáticas (grande parte condimentares) que produzimos no nosso viveiro e foram, sem dúvida, um sucesso!

Enquanto uma parte da Equipa esteve de volta das vendas, a outra esteve a preparar um jantar temático no Espaço Vila Velha - o segundo jantar marroquino - no qual contamos com a ajuda do Salam!  

O mês de Setembro ficou também marcado pela ampliação das áreas de gestão agrícola, para a horta da Quinta da Moura. Neste espaço, que é uma das hortas mais emblemáticas de Mértola, instalámos já neste mês um novo ensaio de produção de variedades de tomate, além de vários canteiros de aromáticas condimentares, como manjericão, salsa e coentros, e outras hortícolas de outono, como rabanetes, nabos, acelgas, rúcula e espinafres. 

Nas estufas, preparamos já as próximas plantações e os produtos da época outono/inverno, com sementeiras de aromáticas e de diversas espécies de brássicas e de outras hortícolas folhosas.

 A convite do Projeto Life Invasaqua, estivemos no final do mês, em Évora. Tivemos a oportunidade de participar no Workshop Espécies Invasoras Aquáticas - Casos de Estudo e Gestão no Alentejo, onde estiveram presentes diversos investigadores e entidades a desenvolver projetos de estudo e gestão de espécies exóticas invasoras. 

Ainda, durante o mês de Setembro realizou-se também o primeiro encontro do grupo de parceiros locais do Município de Mértola no âmbito do projeto Rede Iniciativa Nacional de Cidades Circulares - Ciclo Urbano da Água (CApt2), na qual estivemos presentes. Este projeto promovido por 8 municípios portugueses tem como objetivo a reflexão e planeamento de ações relacionadas com a temática da circularidade da água.

Este mês registamos uma nova espécie na nossa "camera trap" - o gaio (Garrulus glandarius) - de avistamento pouco comum na nossa região, Baixo Alentejo, já que tem preferência por habitar em áreas florestais, ecossistema raro por cá. Esta espécie desempenha um papel fundamental na vitalidade dos ecossistemas florestais, conhecido por muitos como semeadora de floresta, função que desempenha de forma exemplar. Nas regiões mais a norte (e no extremo sul) do país, onde a espécie é mais comum, vive em conflito com os agricultores, já que gosta de se alimentar dos frutos da época. Contudo, também é nestes locais onde desempenha o seu papel de semeador. 

O gaio armazena sementes/frutos para o inverno, tendo especial preferência por bolotas de diversas quercíneas, e como, na maioria das vezes, não esgota o stock armazenado, acaba por semear. Esta é ideia mais consensual entre os cientistas, há, contudo, quem estude o comportamento da espécie, na busca de encontrar outras respostas, quiçá que este processo não resulta de mero esquecimento ou armazenamento excessivo, mas que é realizado com o intuito, também, de semear.

Os gaios são corvídeos, são animais muito inteligentes, capazes de imitar um leque diverso de melodias, não ficaríamos nada admirados que tivessem também a capacidade de pensar no futuro e na sustentabilidade da sua existência.